O eflúvio telógeno caracteriza-se por uma queda capilar intensa dos fios que estão na fase final do ciclo capilar, a fase telógena.
Esse tipo de queda é motivado por alguns fatores, já descritos na literatura, como alterações hormonais, uso ou parada de determinadas classes de medicamentos, má nutrição, estresse intenso, e infecções, principalmente seguidas de febre. Esses são os principais gatilhos que corroboram para o rápido desprendimento dos fios do couro cabeludo.
Quando falamos da infecção pelo Corona vírus, temos que desde o início da pandemia as ações adotadas para evitar a disseminação viral englobaram principalmente o distanciamento social, o fechamento de muitos comércios, o uso de máscara, entre outras ações que levaram a população de maneira geral a uma situação emocional importante. Ainda, o medo de contrair a doença, a tristeza da perda de pessoas próximas e a mudança drástica na economia são situações que afetam e impactam negativamente a vida nos últimos tempos.
Todos esses eventos de estresse intenso podem ser associados com a piora de quadros de queda capilar, tanto para pessoas que já possuem predisposição quanto para aquelas que nunca apresentaram queixa anterior de perda intensa dos fios.
É possível ainda elencar outros fatores associados, além da própria infecção, visto que algumas pessoas passaram a ter maus hábitos alimentares devido, com mudanças significativas na rotina de trabalho, escolar e da casa.
O Coronavírus é descrito por causar doença respiratória aguda de gravidade variável que pode ser assintomática ou fatal dependendo do caso. Quando o paciente apresenta febre ou tosse associada e tem dificuldade de respirar, geralmente deve ser hospitalizado e durante esse período há a administração de medicamentos do tipo anticoagulantes além de alterações pró inflamatórias no organismo já descritas anteriormente por causar Eflúvio.
Importante ressaltar que nos estudos avaliados, as dosagens laboratoriais de ferritina, hormônios tireoidianos, Ferro, Magnésio, Zinco, Cobre, Vitamina B12 e Folato apresentam-se nos padrões normais.
Já nos testes de tricologia, foram evidenciadas alterações referentes ao eflúvio telógeno agudo como cabelos caindo em volumosos tufos, com teste de tração positivo e afinamento ao longo da linha frontal, redução da densidade, folículos vazios e ausência de cabelo miniaturizado.
Mesmo até o momento tendo poucos estudos evidenciando a relação direta entre Eflúvio telógeno e Covid-19, a queixa de queda intensa tem sido percebida nos consultórios de tricologia com maior intensidade.
Felizmente, situações como o eflúvio telógeno agudo não causam calvície e são de resolução rápida, onde a queda tende a parar 6 meses após a retirada do fator causal. Em outras ocasiões, como pré-existência de demais doenças de base e alterações, essa condição pode perdurar por maior tempo, originando o eflúvio telógeno crônico e que pode, inclusive, agravar quadros de alopecia androgenética.
Ações como a correta higienização, o uso de produtos como xampu e condicionadores específicos e os cuidados com os cabelos podem auxiliar a diminuir a perda dos fios. Também, uma dieta rica em nutrientes, associada a práticas que auxiliem na diminuição do estresse podem ajudar no controle do quadro.
Na Tricologia e Terapia Capilar é possível aplicar protocolos com uso de argila, óleos essenciais e laser de baixa potência, por exemplo, que melhoram as condições do couro cabeludo e minimizando o impacto da perda de fios.
O Tricologista prescritor pode, ainda, recomendar a suplementação oral com substâncias como aminoácidos, biotina, enxofre, silício orgânico e Coenzima Q10, também o uso de loções tônicas com Bioex capilar e ácido pantotênico (vitamina B5) se mostram importantes promotores do ciclo capilar. A sugestão de Minoxidil, não é tão interessante visto que esse medicamento, nas semanas iniciais ao uso, pode provocar ligeiro aumento na queda capilar, não sendo uma resposta interessante para quem já está sofrendo com o eflúvio.
Temos ainda muito a estudar a respeito dessa correlação entre o vírus e o ciclo capilar, mas poder ajudar os pacientes a minimizar ao menos a queda nessa fase e reestabelecer a autoestima em tempos difíceis é um grande diferencial na área da tricologia multidisciplinar e integrativa.
Moreno-Arrones OM, Lobato-Berezo A, Gomez-Zubiaur A, et al. Eflúvio telógeno induzido por SARS-CoV-2: um estudo multicêntrico. J Eur Acad Dermatol Venereol . 2021; 35 (3): e181-e183. doi: 10.1111 / jdv.17045
Olds H, Liu J, Luk K, Lim HW, Ozog D, Rambhatla PV. Telogen effluvium associated with COVID-19 infection. Dermatol Ther. 2021 Jan 6:e14761. doi: 10.1111/dth.14761. Epub ahead of print. PMID: 33405302; PMCID: PMC7883200
Rizzetto G, Diotallevi F, Campanati A, Radi G, Bianchelli T, Molinelli E, Mazzanti S, Offidani A. Telogen effluvium related to post severe Sars-Cov-2 infection: Clinical aspects and our management experience. Dermatol Ther. 2021 Jan;34(1):e14547. doi: 10.1111/dth.14547. Epub 2020 Nov 23. PMID: 33190397; PMCID: PMC7744849.